Walking Lines
20.08.2020
Artista: Tomas Spicer
O trabalho desta exposição parte de um texto que responde a ideias sobre o Porto, mas também sobre cidades e civilizações em geral. Passamos muito tempo a passear e a olhar para coisas. Certas coisas saltam-nos à vista e entram na nossa consciência. Quando estamos num lugar por um longo período de tempo, as coisas parecem desaparecer ou desvanecer no ‘cenário’. Coisas que à partida pareciam extraordinárias, tornam-se totalmente invisíveis. Walking Lines é sobre tentar conservar estas coisas e torná-las visíveis, ou pressionar ‘pausa’ numa ideia enquanto ela se dissipa.
É interessante pensar sobre o porquê de repararmos em algumas coisas e não repararmos noutras. O uso da galeria como espaço no qual se apresentam ideias é útil, visto que estimula uma espécie de hyper-consciência, as galerias tornam as pessoas observadoras. Quando deixamos a galeria e vamos para a rua, esta consciência diminui, ou torna-se diferente, portanto não vemos nem olhamos da mesma forma. A exposição actua como um espaço interno da mente, ou como um purgatório de ideias, ou talvez como uma sala de espera de pensamentos, e como um lugar onde estes pensamentos podem ser olhados e vistos.
O principal componente da exposição é um trabalho com base em texto que foi dividido em três partes. Estas partes foram colocadas em espaços públicos na cidade e arredores e são mostradas isoladamente, portanto fragmentadas. O único lugar onde estes textos se reúnem é na própria exposição. Cada texto individualmente responde a diferentes ideias sobre a cidade.
Testemunho do artista
Tomas Spicer (Islington, Londres, 1988) vive e trabalha atualmente em Surrey. É licenciado em Belas Artes pela Central Saint Martins, University of the Arts London e é pós-graduado em educação (PGCE in Post-Compulsory Education) pela University College London. Tomas faz trabalho que se materializa de várias formas, desde pintura a texto, escultura, performance e publicações. O seu eterno interesse é o processo de transmissão ideacional, e as dificuldades - tanto de articulação como de interpretação - que prejudicam a comunicação efetiva e fidedigna. Em particular, o seu trabalho explora o porquê e de que formas a expressão artística - pintura, escultura, linguagem, ação - podem apenas transmitir imperfeitamente ideias de uma mente para outra; do artista para o observador ou leitor. O seu processo é largamente discursivo, jogando com, e estendendo, ideias em conversa com outras, e testando os limites da comunicação precisa e compreensível. As peças que emergem destas discussões são frequentemente audazes e minimalistas - uma demonstração de, e uma resposta a, dificuldades de transmissão. No entanto é o processo como um todo - o processo e a sua subsequente objetificação, e a relação inquieta entre os dois - que marcam o foco do seu trabalho. Parte de uma tradição oral contemporânea, o seu processo e trabalho refletem um interesse profundo pela consistência e estabilidade do significado.
Fotos:
Tomas Spicer, @bliverartist