O Último Prefixo | Ivan Hunga Garcia

Residência: 27.12.2021 – 06.03.2022
Open Studio:03.03.2022

O Último Prefixo (OUP) é o nome da coleção desenvolvida por Ivan Hunga Garcia durante a residência feita no INSTITUTO. As peças da OUP foram pré-apresentadas num “open studio”, antes do desfile na secção Sangue Novo da Lisboa Fashion Week, que aconteceu na semana seguinte.

Ivan Hunga Garcia posiciona-se com um trabalho de investigação de autor inserido no panorama da moda enquanto meio de expressão. O seu imaginário foca-se em cenários especulativos para o futuro, colocando em diálogo o caráter científico e filosófico com objetivos comerciais, concetuais e audiovisuais.

A coleção de 2022/2023, O Último Prefixo, liberta um cruzamento de pensamentos escatológicos onde o ser humano é redirecionado para uma posição infame na cadeia de sobrevivência. Sob uma metodologia de modelação planificada, em silhueta, o corpo é complementado por extensões matéricas. Essas extensões apropriam-se mutuamente numa recíproca relação de parasitismo e, assim, alojam-se entre si. As superfícies são desenvolvidas na exploração de culturas bacterianas e botânicas. As mesmas comunidades exemplificam a volatilidade da presença matérica em diferentes fases. Em constante transfiguração e apropriação de organismos consumido(re)s, é evocado um diálogo metafísico de um enredo interdependente.

As peças da coleção “OUP” foram apresentadas no seu estado mais puro enquanto personagens autónomas ao corpo humano. Incentivando a sua observação numa perspetiva projetual e empírica. Esta não é uma coleção com antecedência de 6 meses, como habitualmente o são as coleções de moda. Este conjunto de comunidades não espera pelas necessidades dos consumidores em detrimento das suas propriedades. Também não é uma coleção idealizada para permanecer eterna e intemporal nessa espera. “O Último Prefixo”, como o nome indica, cria e interrompe ciclos, desenvolve-se e decompõe-se sobre os mesmos em prol de outros. Estes sujeitos têm em si a eternidade sobre diferentes estados físicos e a ancestralidade de intermitência material.

Desde a produção simbiótica de comunidades bacterianas com a colaboração de Aquela Kombucha e Costuralogia, à germinação e cultivo de jardins aéreos, esta coleção atingiu o climax da sua condição física no desfile do Sangue Novo no calendário da Lisboa Fashion Week e nos momentos seguintes, percursores da Primavera.

Apoio: ESAD Matosinhos, Aquela Kombucha, Costuralogia (Clementina Delgado), Lisboa Fashion Week

Fotografia: Ivan Hunga Garcia e INSTITUTO.